terça-feira, 25 de setembro de 2012

Os Moinhos

O campo estava povoado por moinhos e o barulho, zzzzzzuuuummmm constante, fazia-lhe companhia.
Caminhava com a calma que as férias sempre concedem,
gozando a solidão numa paisagem diferente, olhando a água escura, seduzida pelo ruído das pás (ou hélices?) dos mais de vinte moinhos que já contara. Não encontrava o D. Quixote mas os Sancho Pança abundavam nos olhares vorazes de outros turistas, na febre dos disparos de muitas máquinas curiosas.
Perto, um grupo de miudas brincava na água, mergulhando de um cais de madeira e oferecendo-se para fotografar os turistas no enquadramento certo. Assim, diziam, com o moinho por trás. Ela recusou. Imortalizar-se no enquadramento de um momento, para quê?
Mas deu conversa às crianças, surpreendida pelo inglês correcto daquelas holandesas tão pequenas. No seu país, dificilmente encontraria adultos com um inglês assim fluente... Afastou a realidade. O tempo era de diferença, de horizontes desconhecidos e de oportunidades únicas. Reparou nos nenúfares, no verde, nas flores de mil cores, no equilibrio do mundo, ali, só cortado pelo zzzzzzzzzzzzuuuuuuuuuuuummmmmmmmmmm cada vez mais intenso.
Aquele som, estranho, forte, envolvente, nunca mais se calaria nos seus sentires.

1 comentário:

  1. Os moinhos inspiram os sonhos. D. Quijote tinha um sonho, e o seu sonho guiava-o por caminhos desertos commoinhos. O Sancho era a "peste" que o puxava constantemente para a realidade. Mas e os monstros com quem D. Quijote tanto queria lutar? E a sua amada Dulcineia?
    Eu sou como o D. Quijote, vou pelo sonho. Como a minha Mãe sempre me ensinou...
    Um beijo

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