domingo, 4 de novembro de 2018

Iémen

Quase me parece ridículo, por ser absolutamente inócuo, manifestar a minha revolta, mágoa, tristeza, medo, desilusão, raiva até, face ao que está a acontecer no Iémen. Sim, é um lugar, entre muitos, onde há guerra. Mas é mais do que isso (se é que há pior do que guerra). É um lugar onde uma criança morre, a cada dez minutos, por fome ou por doenças que facilmente podiam ser evitadas. 
Podiam ser os meus netos. Podiam ser as crianças que enchem de alegria a praceta onde moro, podiam ser os meus sobrinhos que adoro. 
A UNICEF não consegue chegar a tempo, a ONU anda "em negociações" e o sofrimento alastra. Não me saem da retina as imagens de esqueletos vivos, de enormes olhos vazios de esperança, que a televisão mostra. Lembro, também, os migrantes que tentam, com crianças, chegar aos Estados Unidos. E penso se, afinal, este século XXI, com os WebSummits e os milhões de alguns, não deveria ser designado como o século da indiferença. 
Que podemos fazer, dir-me-ão. Talvez pouco, talvez muito pouco, mas, com certeza, alguma coisa. Falar no horror, exigir acção, não aceitar como inevitável e distante esta questão. Ensinar, os que nos rodeiam, desde muito cedo, que o amor é o caminho, que a compreensão é o veículo que permite construir a equidade! 
Nas escolas portuguesas, em algumas,  desenvolvem-se competências cívicas. A revolta e a indignação são exercícios de cidadania. O silêncio e a indiferença são a arma da cobardia!

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