terça-feira, 19 de março de 2019

MAS AS CRIANÇAS, MEU DEUS!

O que está a acontecer em Moçambique, naquele enorme paraíso natural onde vinga a fome, a doença, a injustiça dos homens, tem-me tirado o sono. Na sequência das chuvas torrenciais, da crueldade violenta de uma natureza em fúria, há milhares de mortos, de desalojados e de desaparecidos. 
Os Media dão-nos imagens de horror absoluto e o mundo, nós todos, olha para o lado como se não nos dissesse respeito. Lá, naquele lugar onde agora  o nada abunda e a dor não para de crescer, há crianças. Crianças que sofrem sem compreender, crianças sem família, sem comida, sem água, sem ternura, sem escola, sem colo. Crianças de grandes olhos surpresos que nos questionam a todos. Como podemos continuar indiferentes? Como podemos aceitar que pouco se faça, que continuemos a olhar noutras direcções?
O sofrimento humano dilacera-me mas, quando há crianças, sinto uma revolta impotente que me tira o sono. Onde estão a ONU? A Cruz Vermelha? A UNICEF? Onde estão, afinal, os homens de boa vontade?
Não sei qual seria a solução, mas penso que o pouco que se faz não pode deixar-nos sossegados!
Lembro o poeta Augusto Gil: 
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…

1 comentário:

  1. A Balada da Neve de Augusto Gil!
    Lembro-me de a minha mãe a recitar quando começava a nevar e de nós ficarmos mt compungidos quando chegava à parte que transcreveu!

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