sexta-feira, 9 de abril de 2010

Esplanada e Sumol



A esplanada junto ao mar convidava a um café soalheiro. Combatendo a escuridão dos meus sentires, cedi ao convite e instalei-me olhando mar. Gosto tanto de olhar o mar!!!
Ali, com uma bica mal tirada (não era café Delta...), fiquei desfiando memórias, chamei para junto de mim a companhia desejada. Fechei nos olhos e senti-o chegar, de mansinho, brincando com os meus cabelos e pedindo a velha SUMOL - água do poço - para me ensinar a entrada entre torres, para me apontar o Bugio, para se rir da minha certeza de que há sereias por ali. Encostei-me a ele, ao ombro largo onde tanto gosto de me aninhar, e falei-lhe de sonhos. De sonhos que, porque o são, nunca acontecem. Desses que, bem cimentados, temperam a realidade num adiamento eterno e consciente. Eléctrico como sempre, dez minutos sentado é demais...,sugeriu um passeio a pé. Tirei os sapatos e senti a areia molhada, dura, gozando o prazer de me sentir viva.
Caminhando para o meu carro, batendo os pés para soltar a areia, percebi um raiozinho de sol rompendo a escuridão inicial. As saudades vinham, agora, temperadas de possíveis sentidos e, porque há certezas que não precisam de razão, voltei para o meu Alentejo de coração pleno de sentires. Ele, o meu amor, partiu de novo, no sonho que o trouxera, deixando a certeza da sua comunhão dos meus sentires. Vou beber, sempre, Sumol de laranja!!

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