terça-feira, 13 de abril de 2010

Os meus miúdos


Eu lamento-me, protesto, digo desejar a reforma mas, de verdade mesmo, não sei como sobreviveria ao quotidiano, às esquinas da vida e do tempo, sem os meus alunos. Sem os meus miúdos.
Ontem, ao longo de todo o dia, moeram-me a paciência. Ou era o João Pedro, de olhar castanho vivo e franja nos olhos, exigindo a minha atenção sobre os casalinhos de namorados, oh professora, tem de ver isto! Isto é um crime público! , e eu, para sua indignação, defendia que namorar faz bem; ou era o Pedro, que se recusa a crescer..., sempre em pé no autocarro e exigindo os meus senta o rabo no banco Pedro! contantes; ou era a Raquel, de olhar doce, garantindo que não, não é refilona, só justa; ou eram as meninas de Nisa, Ritas e companhia, com muito (TANTO) sempre que dizer.
Hoje, bem cedo, de novo os encontrei, numa sala ruidosa e antipática, trabalhando em grupo. E de novo desesperei! Com a conversa paralela, com as brincadeiras, com a necessidade de dizer as coisas muitas vezes, porque a distracção é imensa.
Saio das aulas do 11º B, muitas vezes, exausta. Mas o que eu não lhes digo é que eles são fundamentais para que eu mantenha a minha saúde mental! O que eu não lhes digo é que, tal como o tema de hoje para oficina de escrita, é com eles que consigo, na Escola, tecer cumplicidades; o que eu não lhes digo, é que adoro os meus alunos!!

1 comentário:

  1. Doutora:

    Trate-me bem essas sementes. Serão elas que me vão pagar a Reforma se entretanto o nosso Estado não bater as botas.

    MFonseca

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