quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

FORMIGAS

O Bob Dylan diz, entre as muitas coisas acertadas que diz, que  "Nada é mais estável que a mudança." Deve ter lido Camões, que já tinha alertado para a permanente mudança que caracteriza o Tempo... de facto, a mudança, a constante transformação de cada eu e de cada nós, de cada eu com cada tu, é uma das principais marcas da Humanidade. E nós, protestando, estrebuchando, ou simplesmente aceitando, lá vamos gerindo a nossa adaptação à transformação, a muitas mudanças.
Hoje, eu estou numa adaptação a formigas. Nem mais.
Sempre odiei formigas. Aliás, acho que o La Fontaine não devia estar bom da cabeça quando tentou que preferíssemos a bichinha preta e muda, à canora cigarra... Num dia gelado e cheio de sol, eu tenho a minha mesa de trabalho cheia de formigas. As folhas mexem-se, os pontinhos negros circulam e eu vou matando aqui, sacudindo ali, praguejando sempre. 
Dantes, só havia formigas no Verão. Só havia formigas junto a coisas doces. Agora, há-as o ano todo, mesmo onde não há alimentos. Será que já sabem ler? Será que acreditam, como eu, que a Escola pode ser doce?
Malditas bichinhas que me incomodam e distraem! Malditas formigas que me fazem pensar como a insignificância, se colectiva, pode ser incomodativa.

1 comentário:

  1. Luísa, este ano ainda não houve inverno, por isso as formigas continuam por aqui... também as tenho a entrarem na cozinha, vindas do jardim!

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