domingo, 11 de abril de 2010

Educação Sexual

De vez em quando, já desde o 25 de Abril de 1974, alguém no Ministério de Educação se lembra da Educação Sexual. Então, agitam-se bandeiras, fazem-se declarações sonoras e lá vem a lume, que é como quem diz a texto. o Dr. Daniel Sampaio que é, em Portugal, a sumidade no assunto. Às vezes, numas tiradas mais ousadas, surge também o Dr. Júlio Machado Vaz, ele mesmo com uma voz orgásmica, a fazer propostas e a sugerir soluções.
Curiosamente, ou talvez não porque de Portugal (e do ME) se trata, quem menos se ouve são os professores... Também, ouvi-los para quê? Provavelmente diriam que devia ser uma área transdisciplinar, que não faz sentido ser pensada em termos de aquisição de conteúdos, que se prende com Valores, com ética, com filosofias de vida, que exige um trabalho articulado, que mais do que falar de sexo, ou antes de falar dele, se devem educar afectos, humanismos, que é essencial encontrar, nas Escolas, espaço para "a pessoa que mora em cada aluno". E estas opiniões, claro, não interessam aos decisores políticos. Assim, voltamos aos médicos assumindo que isto da sexualidade, mais ou menos educável (??) é uma questão de fisiologia. Ou será uma patologia??
Ontem, navegando pelo blog de um grande-enorme amigo, esbarrei com a transcrição de um texto dos Media , do Jornal Público, voltando à vaca fria que, neste caso, é um naco bem quente. Lá vem escarrapachado, em parangonas sonoras, a proposta de programa para a dita Educação Sexual. Lá vêm as propostas de conteúdos: - 1º ciclo, a fisiologia humana (não integra já, há anos, o programa de Estudo do Meio?); no 2º ciclo, os meios contraceptivos, o aborto, a aprendizagem do não (só não se sabe QUEM, COMO, QUANDO, isto vai ser "ensinado" às criancinhas); no Secundário, os Valores, a ética (curiosamente, neste mesmo país reduziram-se as horas de Filosofia nos curricula). Como eventual responsável, ou coordenador (termo amado pela equipa do ME), um professor da área das ciências naturais. Afinal, os animais e as plantas também se reproduzem e, ainda por cima, não precisam de preservativos...
Li, com especial atenção, todo o texto, sentindo crescer a minha irritação/indignação. No final, apetecia-me gritar a minha revolta.
A educação é, TEM DE SER, algo olhado com seriedade e não feito de experimentações e remendos. O ME deve pensar como vai fazer, que objectivos quer de facto alcançar. Se é apenas para combater a gravidez na adolescência e reduzir comportamentos de risco, talvez os senhores doutores tenham razão com o que propõem. Mas se, realmente, existe a preocupação de formar seres MAIS HUMANOS, mais autênticos e, essencialmente, mais livres, então o caminho não é por aí.

1 comentário:

  1. A minha teoria é muito linear e despreza à partida a intervenção do intelecto. É dizer: o sexo não se aprende. Pratica-se.

    MFonseca

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