quarta-feira, 28 de abril de 2010

O Distrito

Chegou ao fim, depois de 126 longos anos de existência, o Jornal da minha cidade, O DISTRITO. Era um jornal de cariz católico, feito com recurso à boa vontade, ao amadorismo, ao amor daqueles para quem Portalegre fazia sentido.
Durante quase 18 anos, semanalmente, colaborei com o Distrito. Era ali, naquele espaço, que abria os meus sentires ao mundo, sob o lema de "Porque o meu mundo não existe". Depois, a mudança da direcção, a vinda de um novo bispo, outras circunstãncias sem interesse, afastaram-me. Mas fiquei sempre olhando com ternura especial um projecto que, durante tantos anos, foi muito meu!! Hoje, lamento o fim do Distrito. É mais uma morte de algo com sentido, é, outra vez, o encarar apenas dos números, do dinheiro, ignorando os valores humanos fundamentais. Pessoalmente, como (má) católica que sou, não consigo ficar indiferente ao que considero serem os erros graves da Igreja Católica!! Gostava de ver os sacerdotes, o senhor bispo, mais próximos da realidade, mais próximos das pessoas, mais preocupados com a formação de crianças e jovens, mais atentos às inevitabilidades da era louca que o mundo atravessa. Hoje, continuo a pensar que O meu mundo não existe, sentindo um imenso desejo de não existir também.
Morreu o Distrito. Morre, também, um enorme pedaço da história das gentes desta cidade que eu adoro! Morre, dentro de mim, um longo período da minha existência...

3 comentários:

  1. Tenho pena também, era um jornal da nossa cidade, digno. Respeito as crenças dos outros por isso sempre considerei -como tu- que o que interessa é que haja "valores", que cada um defenda seriamente os seus, e que não contem só os cifrões!
    Parabéns pela tua nota corajosa.
    Um beijo amigo
    o falcão

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  2. Mãe,

    A morte serve para mostrar qua a vida não pára, que o tempo não perdoa! Os ciclos passam, tal como as etapas. Para o Distrito foi o fim, para ti está a começar uma nova fase!
    Adoro-te

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  3. Talvez não saiba Doutora mas…

    Eu devo ter lido praticamente todas as suas crónicas e comentários publicados nesse jornal! Não acredita?

    MFonseca

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