domingo, 30 de setembro de 2018

A CEREJEIRA

Foi-me dado com uma certeza, vais gostar. E tu vais ler num instante. Não me vai fazer chorar, perguntei já afagando a capa, segura da minha sensibilidade exacerbada. Não, vais ver que não. Era uma certeza quase perfeita mas que, afinal, ficou pelo caminho das certezas alheias... 
Verdade que gostei, muitíssimo. Mentira que não choraria.
A distância entre mim e a cerejeira, de Paola Peretti, amarfanhou os meus sentires, deixou-me com um buraco cinzento na alma mas preencheu a minha tarde de domingo. É a ingenuidade sensível de uma criança, o tecido - tão frágil - entre a vida e a morte, o lugar único que o sonho, o faz-de-conta, conseguem preencher. 
Com a Mafalda sorri, tremi por ela, chorei e desencantei, no fundo do meu eu, num ontem que não soube trazer roubado na algibeira, um vício que julgava perdido: - A mania de construir um mundo onde a ternura das coisas, porque inventada, substitui a falta de carinho das gentes mais próximas.
Sim, tenho os olhos a arder e dói-me a cabeça. Mas sim, gostei imenso deste livro!

Sem comentários:

Enviar um comentário