sábado, 8 de setembro de 2018

FAZER A DIFERENÇA

Eu não gosto muito (NADA) de desporto. Não gosto de corridas, a pé ou de bicicleta, nunca vi um jogo de futebol do princípio ao fim e, quando há Jogos Olímpicos, só vejo a abertura... Ainda por cima, eu não gosto nada de ser obrigada seja ao que for, e gostar de desporto, ter uma t-shirt brilhante e usar ténis, parece estar a tornar-se obrigatório! Tudo o que me é imposto, sem que me seja dada hipótese de escolha, irrita-me e enerva-me. 
Ora, confessado este meu estado de não-desportista-militante, facilmente se adivinha como me sinto violentada quando esbarro com desporto no meio das ruas e me vejo obrigada a assistir à passagem de gente suada, ou a chegar a casa horas depois do desejado. Mais revoltada fico ainda, quando encontro os agentes de autoridade, como há bem pouco tempo me aconteceu em Portalegre, a soprarem impropérios nos apitos estridentes impedindo, sem oferta de alternativas, que eu faça a minha vida como cidadã relativamente livre.
E vem este desabafo, agora, precisamente para me contradizer! 
Pela primeira vez na minha longa vida, esbarrei com elementos da GNR de uma simpatia, educação e profissionalismo incríveis! 
Tive de ir a Castelo de Vide e, logo no primeiro cruzamento, um jovem militar, com um sorriso e pedindo desculpa, indicou-me um percurso alternativo. Questionado sobre se eu teria possibilidade de chegar ao destino, para deixar a minha mãe de 90 anos, a resposta surpreendeu-me: - Com certeza! se tem de ir, vai. Tem é de ter paciência, mas diga aos meus colegas onde vai que eles hão-de ajudá-la. Assim fiz, três vezes. Todos, TODOS, foram correctos, educados, simpáticos e eficientes. 
Dei uma volta muito mais longa do que é habitual, mas pude chegar onde queria e ninguém me gritou ou ameaçou. Desta vez, não senti o peso da ditadura dos desportistas e pensei, juro, que poderia estar num país desenvolvido. Obrigada à GNR de Castelo de Vide. Obrigada aos jovens militares que conseguiram que a minha tarde não ficasse estragada, com a mais valia de não ter visto um único desportista!!!

3 comentários:

  1. Luísa, estes agentes, GNR ou Polícias são novos, formados noutra perspectiva bem diferente da dos “barrigudos” que ainda por aí andam “gritando” com o apito, como forma de se imporem!
    Dalma

    ResponderEliminar
  2. Certa vez eu estava fora do meu contexto. Numa outra cidade. Comigo estava a minha família e a minha filha tinha um retiro a começar. Parei o carro no meio da estrada. Em desnorte completo. Não tinha a menor ideia de para onde devia virar. A estrada deserta. Ao longe surge um carro. Parou junto a nós. Era um casal novo. Perguntaram se precisavam de ajuda. Expliquei. Venham daí atrás de nós. Em menos de nada lá estávamos. A miúda contente por ter encontrado os amigos e os professores. Perguntei ao casal que nos ajudou se queriam tomar um café. Não podemos temos que voltar para trás e seguir. Agradeço. De nada disseram. Agora só tem que fazer o mesmo sempre que encontrem quem precisar de orientação. Temos tentado cumprir a promessa fugaz que ali fizemos.

    ResponderEliminar
  3. O cultivar de um bom e saudável estado físico é algo que deve ser incentivado, quer seja nas ruas, quer seja em casa. Em todo caso, também uma boa saúde intelectual e cultural deve ser cultivada, como bem diz a máxima greco-romana, Mente sã em corpo são. O problema, como a professora refere, é que hoje em dia os aficionados pelo desporto tentam fazer do desporto como algo imperativo, e quem não o pratica fica marginalizado, situação que sucede um pouco na mesma linha do actual histerismo que existe da saúde à força. Saramago uma vez disse, Dizem-me que tenho de fazer desporto, que me faz bem, mas nunca ouvi ninguém dizer a um desportista que lhe faria bem ler um livro. A professora, como uma pessoa intelectual, deve ter a elevação de respeitar os desportistas que correm pelas ruas.

    ResponderEliminar