terça-feira, 25 de setembro de 2018

SEXO

Desde sempre, tão há tanto tempo que não tem tempo, o sexo faz parte integrante da essência humana. Os gregos, por exemplo, acreditavam que homem e mulher eram um só e, porque separados indevida e violentamente, pela eternidade cada um procurava sempre a sua cara metade. 
Em Portugal, as primeiras manifestações literárias, mesmo orais, traziam o amor, a atracção e o desejo, para os salões da corte, para as romarias e vida social. 
No séc.XVI, Camões, como poucos, cantou o desejo, o sofrimento físico, tumultuoso, a necessidade do toque e da fusão. Seria Garrett quem, no séc.XIX, daria voz, com uma intensidade incrível, à distinção entre o amor e o desejo físico, "Não te amo, Quero-te!" 
O século XX, com a centralidade do intelectual e do para-físico, não ignorou o sexo. O próprio Pessoa garantia o ridículo de algo que não controlava, transfigurando a sua essência através da força avassaladora de uma sexualidade que o perturbava.
Pois é, o sexo é natural, "tão natural como a sede", e, por isso, não faz, para mim, sentido algum torná-lo num tema abjecto, numa forma de doença, ou num crime! 
É por tudo isto que eu defendo que a educação para a sexualidade deve ser desenvolvida de forma humanizada, integrada e não centrada na dimensão físiológica!
Ultimamente, a sexualidade parece ser apenas uma forma de violência, ou uma perigosa e doentia forma de transmitir doenças...
E eu tenho pena. Tenho mesmo! Porque eu, que sou mulher, gosto muito da energia e força que a vivência da sexualidade me oferece! E temo, muito a sério, que corramos o risco e amputar os nossos jovens da vivência feliz desta dimensão da humanidade!

3 comentários:

  1. Uma empresa que devia mesmo ler este texto escrito pela professora seria a Igreja onde a professora professa a sua fé - bem, qualquer igreja abraâmica devia ler este texto.
    Mais uma coisa, agradecia, para efeitos da minha própria compreensão daquilo que a professora escreve, que me esclarecesse quando diz, relativamente a Fernando Pessoa "transfigurando a sua essência através da força avassaladora de uma sexualidade que o perturbava".

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    1. Lê o livro do Desassossego, Bernardo Soares. E lê as Cartas de Pessoa.

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    2. Acho que já sei onde é que isto vai parar... Do desassossego já li excertos. Obrigado pela dica, distintíssima!

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