quinta-feira, 7 de maio de 2020

ANIVERSÁRIO

Há 35 anos, no Hospital de Santa Maria, salva pelo Dr. Amorim Afonso de uma pré-eclampsia, eu via nascer a minha filha mais nova, a Joana. Nasceu no dia em que morreu o Dr. Mota Pinto, foi a última coisa que ouvi antes de, já na sala de operações, sucumbir à anestesia.
A Joana foi sempre uma miúda frágil, operada aos cinco meses a uma hérnea, viria a sê-lo de novo aos sete anos. Partiu uma clavícula a saltar um degrau, e fez com que eu vivesse, sempre, entre o susto e o êxtase.
Assumo que sou uma mãe exagerada. Para mim, e de certeza para muitas mães, as minhas filhas (hoje, os meus netos também) são a minha razão de viver. A Joana deu-me muitas dores de cabeça. tirou-me o sono e a paz com excessiva frequência.
Hoje, a Joana faz 35 anos. É mãe, tem ela mesma os meus sobressaltos. Jovem professora, teme ainda o futuro que se faz presente.
Eu queria muito que a Joana, que todas as Joanas deste mundo, pudessem ser jovens mulheres num mundo sem desemprego, sem injustiça, sem egoísmo. Sem Covid também...

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