terça-feira, 19 de maio de 2020

CONTRADIÇÕES

Acho que, mesmo de verdade, não tenho medo de morrer. Não me assusta o fim. O que me assusta, e muito, é o sofrimento. Talvez por isso, tenho vivido com algum susto a pandemia. Oiço contar horrores, desde o doloroso que é fazer o teste, até ao facto de haver doentes a pedir o coma induzido para suportarem ser ventilados. Tenho medo da dor física, confesso.
No entanto, já tive mais medo, já acreditei mais no que nos é dito pela OMS, DGS, comunicação social. Depois de quase três meses de confinamento, de medo e solidão absoluta, de repente parece que nada do que era alarmante tem perigo. As medidas adoptadas, ao meu olhar leigo, parecem-me absurdas e enganadoras. Como estar num restaurante de máscara? Como ir tomar um café com distâncias de dois metros? Como utilizar os transportes públicos, em Lisboa e Porto sempre a abarrotar, com distanciamento? De repente, parece que foi exagerado o medo que nos incutiram e que só serviu para agravar, mais ainda, as muitas dificuldades económicas dos portugueses em particular, do mundo em geral. Vivemos num mundo louco, penso eu. Olho o campo, indiferente ao Corona e à Covid-19, explodindo de cor e frutos, e temos termos sido, uma vez mais, alvo de maus dirigentes. Para além das mortes causadas pelo Corona, agora cresce o número de depressões, suicídios, etc. Olho o mundo das pessoas e só vejo dramas. Às vezes, penso que morrer, encontrar a paz absoluta vazia de dúvidas e preocupações, até deve ser tranquilizador. E fujo a estes pensamentos. Tento trabalhar, rir, troçar da vida real, refugiar-me no sonho. Há dias em que resulta; outros em que o sofrimento é avassalador. Hoje, agora, é um desses dias!

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