sábado, 23 de maio de 2020

PORTALEGRE

Hoje, a minha cidade faz anos. É feriado mas, curiosa e tristemente, estamos todos fartos de feriados compulsivos e, este ano, nem há festa. A Cidade entristece aos olhos de todos, esvazia-se de comércio, de riqueza, de pessoas também. Esta cidade, que já foi de Bispos, de nobres e de intelectuais, esta cidade tão minha que até tem uma janela Manuelina, tem sido vítima de muitos e muito maus dirigentes, da evolução dos Tempos e de excessivo silêncio. Mas resiste. E continua a ter sentido (s) para aqueles que, como eu, precisam de pisar a calçada, de passar o arco olhando a Serra, de espirrar debaixo dos muitos plátanos. 
A vida cumpre-se assim, com perdas, transformações, alguns ganhos. As mudanças são inevitáveis  e eu, que teimosamente persigo a utopia sabendo que ela sempre irá à minha frente, recuso ser retrópica. Portalegre precisa de se reinventar e não, desculpem-me, de querer voltar ao que foi. 

Portalegre precisa de se afirmar pela individualidade, nunca pela imitação. Não é a chegada do Mac Donald's, ou dos muitos supermercados, que vai permitir a Portalegre ser um espaço de gente, de trabalho e de felicidade. Não é a chorar o Jardim da Corredoura transformado, ou lamentado a destruição da esplanada do Cedro, que Portalegre vai conseguir vencer a crise profunda em que tem vindo a cair. Não! 
Como dizia Torga "a coisa fia mais fino"... Acredito na minha cidade, porque conheço os lagóias como eu. Vamos seguir rumo à utopia?
Parabéns, Portalegre! 

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