quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

FRIO

O dia acordou gelado e brilhante. Eu, que assumidamente tenho o Inverno como estação de eleição, faço render o percurso a pé até ao trabalho, olhando o brilho da cidade, o céu intensamente azul, alguns farrapos de nuvens enganando dos riscos dos muitos aviões distantes. Penso a vida, olhando o chão. Tanta aberração, num cenário perfeito... 
E lembro o telefonema do Professor Marcelo para a Cristina Ferreira, o absurdo de uma jovem mulher que se torna o centro das preocupações e atenções de um país eternamente atrasado. Oiço na minha caminhada os gritos estridentes da bela senhora, recordo os comentários a crimes, explorando a dor e o sofrimento humano, a euforia de ouvir o Presidente da República a acompanhar os crimes, como se tudo fosse assim, igualmente inócuo e vazio. E penso a Escola, a dificuldade de efectivar as transformações necessárias, os obstáculos à urgente transformação de práticas.
As preocupações maiores, as essenciais, parecem perfeitamente acessórias num pais de absurdos. Será mais importante o programa da bela senhora do que a transformação nas escolas? 
Tenho medo. Medo do amanhã que já começou hoje... Medo de um mundo, de um país, que valoriza o insignificante, que "destrói as árvores para não fazerem sombra aos arbustos!"

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