domingo, 20 de janeiro de 2019

SER DE CÁ

Andar na minha cidade é, para mim, uma forma de lazer. Sei, como podia não saber?, que a cidade está triste, abandonada, vazia, esquecida, mas, ainda assim, é a minha cidade, é o meu chão. Não sei de quem é a responsabilidade pelo estado a que chegaram as coisas. Talvez venha de muito longe, de um tempo que já se diluiu na história, talvez os mais recentes dirigentes não tenham sabido, e continuem sem saber, valorizar o espaço fantástico que é Portalegre. 
Portalegre é uma cidade especial. Faz-se de ferro forjado, de ladeiras sobe-e-desce, de muralhas, de palácios e brasões, sempre emoldurada pela Serra, pelo verde-esperança. 
Hoje, fui à missa, como sempre, à Sé, e, mais uma vez, emocionei-me com o meu chão. Estava muito frio, como eu gosto, sentia as bochechas geladas e o passo acelerado não chegava para aquecer o corpo inteiro. Mas soube-me tão bem! Senti-me de tal forma no meu espaço, no meu pequeno mundo, que cantei e dancei na rua vazia.
Ah! É tão bom viver em Portalegre! É tão bom ter este lugar para onde voltar sempre, ainda que de alma estilhaçada e inteligência amargurada...

1 comentário:

  1. Eu não sou de cá, ou talvez já seja, pelos anos que por aqui estou! Por isso tb fico sempre triste quando subo ou desço a rua que já foi a mais movimentada desta “cidade do Alto-Alentejo...”

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